sábado, 30 de novembro de 2013

Estado em alerta: Reservatórios da Paraíba estão com 30% de água; Bacia Pinheiros tem menos de 8%


O secretário de Recursos Hídricos da Paraíba, João Azevedo, alertou que os reservatórios de água do Estado estão com aproximadamente 30% da capacidade cheios.

Diante da estiagem e dos inúmeros problemas causados, como a morte de rebanhos e o desperdício de plantações, o secretário vê as obras de transposição do Rio São Francisco como a grande solução para essa questão que parece não se resolver.

Os reservatórios no interior são os que mais sofrem com a falta de água. “A Bacia Pinheiros está com 6 ou 8% apenas da capacidade de armazenamento. É a que mais sofreu”, contou.

Azevedo afirmou que, para a transposição ter sucesso, é preciso que os municípios tenham 100% de esgotamento sanitário, caso contrário o esgoto pode acabar sendo despejado no canal do São Francisco. “Por isso fizemos projeto para cobrir 100% do esgotamento em 51 municípios e 11 já foram viabilizados”, explicou.

Focando a Notícia

Hidrelétricas 'impulsionam desmate indireto' na Amazônia, diz estudo


Ao defender a construção de hidrelétricas na Amazônia, o governo federal costuma citar o argumento de que essas usinas são menos poluentes e mais baratas que outras fontes energéticas capazes de substituí-las.

Entre ambientalistas e pesquisadores, porém, há cada vez mais vozes que contestam a comparação e afirmam que o cálculo do governo ignora custos e danos ambientais indiretos das hidrelétricas. Para alguns, esses impactos colaterais influenciaram no aumento da taxa de desmatamento da Amazônia neste ano.

Há duas semanas, o governo anunciou que, entre agosto de 2012 e julho de 2013, o índice de desflorestamento na Amazônia cresceu 28% em relação ao mesmo período do ano anterior, a primeira alta desde 2008.

Paulo Barreto, pesquisador sênior da ONG Imazon, atribui parte do aumento ao desmatamento no entorno das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, em Rondônia, e da usina de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará.

Segundo ele, as hidrelétricas atraem migrantes e valorizam as terras onde são implantadas. Sem fiscalização e punição eficientes, diz ele, moradores se sentem encorajados a desmatar áreas públicas para tentar vendê-las informalmente.

No caso de Belo Monte, Barreto afirma que o desmatamento em torno da usina seria menor se o governo tivesse seguido a recomendação do relatório de impacto ambiental da obra para criar 15 mil km² de Unidades de Conservação na região.

Uma pesquisa do Imazon, da qual Barreto é coautor, estima que o desmatamento indireto causado pela hidrelétrica atingirá 5.100 km² em 20 anos, dez vezes o tamanho da área a ser alagada pela barragem. Na bacia do Tapajós (PA), onde o governo pretende erguer uma série de usinas, ele diz a área desmatada indiretamente chegará a 11 mil km².

Fórmula do desmatamento

O engenheiro Felipe Aguiar Marcondes de Faria desenvolve em seu projeto de PhD na Universidade Carnegie Mellon (EUA) uma fórmula complexa. Ele pretende incluir os efeitos indiretos da construção de hidrelétricas na Amazônia - como o desflorestamento gerado por imigração ou especulação fundiária - no cálculo das emissões de carbono das obras.

A conta, que mede a liberação de gases causadores do efeito estufa, normalmente leva em conta somente as emissões geradas pela perda de vegetação e pela degradação da biomassa na área inundada pelas barragens.

"Se a construção de uma hidrelétrica implicar taxas de desmatamento superiores às de locais onde não existem tais investimentos, nós poderemos acrescentar esse desmatamento extra ao balanço de carbono do projeto".

O pesquisador diz ainda que, além de valorizar terras e atrair imigrantes, a construção de hidrelétricas pode estimular o desmatamento ao melhorar as condições de acesso à região, expondo florestas antes inacessíveis.

Faria também questiona os cálculos que exaltam o baixo preço das hidrelétricas em comparação com outras fontes de energia. "As diferenças não consideram adequadamente os custos socioambientais desses empreendimentos".

Ainda assim, avalia que o Brasil não pode excluir a hidroeletricidade de seus planos de expansão do sistema energético. Para ele, a modalidade oferece grandes vantagens em relação a outras fontes de energia, como flexibilidade para atender à variação da demanda e dispensa de importação de matérias-primas.

Faria defende, no entanto, que o governo mude sua postura quanto às hidrelétricas na Amazônia. "O desenvolvimento hidrelétrico na Amazônia deveria ser visto não como uma barragem no rio, mas sim como uma chance de criar um novo paradigma de desenvolvimento sustentável para uma região, que crie condições para a manutenção das unidades de conservação e terras indígenas, investimentos em educação e ciência e melhora na saúde da população."

Porém, para o procurador-chefe do Ministério Público Federal no Pará, Daniel César Azeredo Avelino, a construção de hidrelétricas na Amazônia não tem sido acompanhada pela manutenção de áreas protegidas.
Nos últimos anos, o governo reduziu Unidades de Conservação para facilitar o licenciamento das hidrelétricas no rio Madeira e das futuras usinas no Tapajós. Segundo ele, simples sinalizações de que se pretende reduzir essas áreas já motivam o desmatamento.

Em 2012, diz Avelino, um mês após jornais divulgaram que o governo estudava diminuir a Floresta Nacional Jamanxim, no sudoeste do Pará, houve um surto de desmatamento na região. "Quando se fala em reduzir Unidades de Conservação para hidrelétricas, alimenta-se a ideia de que poderá haver novas reduções, o que encoraja o desmatamento."

Governo responde

No entanto, segundo Francisco Oliveira, diretor do Departamento de Combate ao Desmatamento do Ministério Ambiente, a destruição dentro de áreas protegidas corresponde a menos de 10% do desflorestamento na Amazônia.

Quanto ao desmatamento recente no Pará e em Rondônia, diz que não se deveu necessariamente às hidrelétricas. Oliveira afirma que o desflorestamento em um raio de 50 quilômetros de Belo Monte passou de 380 km², em 2011, para 41 km² em 2013.

Em Rondônia, ele diz que também tem havido redução no ritmo do desmate em áreas próximas às usinas.
Segundo Oliveira, as principais causas para o maior desmatamento na Amazônia no último ano foram: no Pará, a apropriação ilegal de terras (grilagem) na região de Novo Progresso; no Mato Grosso, a expansão da agropecuária; e em Rondônia, a expansão da pecuária.

Oliveira afirma, porém, que, apesar da alta, o índice de desflorestamento em 2013 foi o segundo menor desde que começou a ser medido, há 25 anos.

G1 Natureza


terça-feira, 19 de novembro de 2013

Primeiro ônibus elétrico a bateria brasileiro começa testes em SP


O primeiro ônibus elétrico brasileiro movido 100% a bateria foi apresentado nesta terça-feira (19) em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. De acordo com a empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), uma unidade do veículo fará a operação de testes, a partir de dezembro, percorrendo o corredor Diadema-São Paulo.

Na primeira fase, o chamado E-Bus se deslocará sem passageiros. Porém, entre janeiro e junho próximos, começará a levar usuários no percurso. Sua capacidade máxima é de cerca de 150 pessoas.

"Dentro de 1 ano, queremos começar a substituir a frota a diesel e os trólebus pelos elétricos a bateria", disse Jurandir Fernandes, secretário de transportes metropolitanos do estado de São Paulo.

Segundo ele, a ideia é começar com cerca de 30 ônibus elétricos no corredor até o final de 2014. O próximo passo deve ser a implementarão dos veículos no corredor Jacu-Pêssego. Não foram divulgados valores do projeto.

Como funciona

Além de não emitir gases poluentes, uma vantagem em relação aos ônibus a diesel, o E-Bus não necessita estar conectado a cabos elétricos para a rodagem, como ocorre com os trólebus. "O problema dos trolébus é que a fiação gera manutenção alta, esse novo sistema traz mais agilidade", explicou o secretário Jurandir Fernandes.

"No projeto, utilizamos a mesma base dos trólebus [ônibus que recebem energia por meio de cabos elétricos], mas trocamos o sistema conexão aos cabos pelas baterias", explicou Paulino Hiratsuka, engenheiro da Metra.

O E-Bus possui autonomia para rodar 200 km com a carga da bateria. De acordo com a Eletra, empresa responsável pela interface de conexão entre o chassi e o sistema elétrico, é o 1º ônibus elétrico a bateria com 18 metros de comprimento no mundo.

Para serem recarregadas totalmente, as 14 baterias, que ficam no teto, necessitam de 3 horas, mas o veículo também possui sistema para recargas rápidas, que levam 5 minutos, dando mais 11 km de autonomia. Há um posto de recarga longa, de 3 horas, na sede da Metra, que administra o Sistema Metropolitano de Transportes, em São Bernardo, e outro, de recarga rápida, em Diadema.

O ônibus é fruto de uma parceria entre Eletra, Mitsubishi Heavy Industries e Mitsubishi Corporation. O chassi é produzido pela Mercedes-Benz, em São Bernardo, enquanto o sistema de baterias foi desenvolvido pela Mitsubishi.

Nesta fase de testes, as baterias, assim como os postos de recarga, vieram do Japão, mas o projeto já prevê a nacionalização destes componentes.

De acordo com Hiratsuka, as baterias de íon-lítio tem vida útil de 10 anos. As empresas não divulgaram o custo do veículo nem o de sua manutenção.

Teste em Salvador

A cidade de Salvador também iniciará testes com um ônibus elétrico no próximo dia 27. O veículo é importado da China pela empresa BYD. Segundo a secretaria estadual de Cidade Sustentável, ele vai circular por duas semanas em uma linha que passa por quase toda a orla da capital baiana e será identificado, para que os passageiros saibam que se trata de um elétrico.

Híbridos em Curitiba

Em 2012, a cidade de Curitiba começou a utilizar ônibus híbridos feitos no Brasil. Movidos a eletricidade e biodiesel, os veículos são produzidos pela Volvo e reduzem em 90% a emissão de poluentes, na comparação com os ônibus convencionais.

Chamado de Hibribus, é mais silencioso, não emite ruídos em cerca de 30% do tempo de operação. O modelo é fabricado na unidade da montadora Volvo em Curitiba, a primeira a produzir o Hibribus fora da Suécia, sede mundial da marca. Os ônibus híbridos começaram a ser fabricados no país em junho de 2012.



 G1 Natureza


Emissões globais baterão recorde em 2013, aponta estudo


As emissões globais de dióxido de carbono pela queima de combustíveis fósseis chegarão neste ano ao volume recorde de 36 bilhões de toneladas, segundo um relatório preparado por 49 especialistas de dez países.

O documento tenta mostrar os governos fracassaram em conter os gases do efeito estufa responsáveis pelo aquecimento global.

O relatório do Projeto Carbono Global, que reúne a cada ano dados de institutos de pesquisa do mundo todo, foi publicado nesta terça-feira (19) na revista "Earth Systems Data Discussions".

A estimativa de 2013 representa um aumento de 2,1% em relação a 2012, e de 61% em relação a 1990, ano-base para o Protocolo de Kyoto, único acordo global que estipula limites para as emissões nacionais de dióxido de carbono (CO2), o principal dos gases do efeito estufa.

O relatório foi publicado enquanto autoridades de quase 200 países estão reunidas em Varsóvia, na Polônia, para uma nova rodada de negociações para a definição de um novo acordo climático que entre em vigor em 2020.

"Os governos... precisam definir como reverter essa tendência. As emissões devem cair substancial e rapidamente se quisermos limitar a mudança climática global a menos de 2º C", disse em nota a coordenadora do relatório, Corinne Le Quere, do Centro Tyndall para a Pesquisa da Mudança Climática, da Universidade de East Anglia, na Grã-Bretanha.

Ela se referia ao aumento da temperatura média do planeta em relação aos níveis anteriores à Revolução Industrial. Cientistas ligados à ONU alertam que uma elevação além de 2º C desencadeará fenômenos extremos como inundações, secas e tempestades.

Leve desaceleração

O relatório mostra que o índice de crescimento das emissões de CO2 se desacelerou ligeiramente em relação aos 2,2% de aumento do ano anterior, mas está apenas um pouco abaixo da média registrada nos últimos dez anos, que foi de 2,7%.

As emissões estão subindo por causa do forte aumento do consumo de carvão, superior a reduções obtidas pelo desenvolvimento de energias renováveis nos últimos anos, de acordo com Glen Peters, coautor do relatório e pesquisador do instituto climático Cicero, da Noruega.

"Embora a sociedade esteja vendo muitos fatos positivos na energia renovável, essa capacidade produtiva ampliada não estão simplesmente deslocando o consumo de carvão", disse Peters em outra nota.

G1

domingo, 17 de novembro de 2013

TCE revela precariedade na educação do Estado


Elevado grau de precariedade na infraestrutura das escolas, insegurança, insatisfação de professores e diretores, alto número de prestadores de serviço na educação foram apenas alguns dos problemas encontrados nas escolas estaduais de ensino médio da Paraíba.

O caos na educação pública foi constatado através do diagnóstico preliminar do ‘Painel de Referência da Matriz de Achados’, elaborado pela auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

O estudo foi apresentado na manhã de ontem, na sede do TCE, à secretária de Estado da Educação, Márcia Lucena e representantes das 14 regiões de ensino da Paraíba.

Entre as escolas visitadas, foi constatado que há cumprimento de apenas 42,55% dos requisitos mínimos para funcionamento adequado. Os problemas na educação do Estado são reforçados pela insatisfação de 89% dos professores, que consideram o Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR) da categoria defasado. Além disso, 42,68% dos professores que atuam na rede estadual de ensino são prestadores de serviço.

A contratação de prestadores de serviços, que deveria acontecer em casos excepcionais, tornou-se normal na educação estadual, segundo o estudo. A determinação da auditoria é para que a Secretaria de Estado da Educação (SEE) estabeleça um prazo para redução gradual do percentual de professores ‘temporários’.

Para elaborar o estudo, a auditoria do TCE levou em consideração quatro eixos temáticos: gestão, professores, infraestrutura e financiamento.

Em relação à gestão, foram constatados problemas referentes às seguintes deficiências: no processo de elaboração do plano político pedagógico, planejamento anual das escolas, deficiência na atividade de supervisão das escolas e no apoio, monitoramento e avaliação do desempenho das instituições de ensino e de seus gestores, além de incipiência na gestão democrática das escolas.

PROFESSORES

No quesito professor, os problemas constatados foram ainda mais sérios. Conforme o estudo, a insuficiência e os problemas na formação compatível para atender à demanda atual das disciplinas obrigatórias do ensino médio causam prejuízos na aprendizagem dos alunos.

O TCE aponta como causas a falta de concurso público, baixa quantidade de professores formados nas áreas de maior carência, principalmente nos municípios mais distantes, além da atuação no ensino médio de professores sem formação compatível com a disciplina que lecionam.

As áreas mais carentes, segundo a auditoria do TCE, são Física, Química, Matemática, Biologia e Inglês.

Já as ações dos governos federal e estadual voltadas para capacitação dos professores foram consideradas insuficientes pela auditoria do TCE, qualitativa e quantitativamente. Reflexo dessa constatação é que entre um universo de 3.303 diretores entrevistados via questionário eletrônico, 79,50% afirmaram estar insatisfeitos com as capacitações oferecidas.

Outro ponto levantado foi a insatisfação dos professores com a carreira do magistério. Uma das causas apontadas pelo TCE é a desatualização do PCCR da categoria e ausência de mecanismo de valorização da carreira. No entanto, a auditoria ressaltou a criação pela SEE do prêmio Mestre de Valor. Nesse sentido, o TCE recomendou à SEE uma articulação com o Poder Legislativo estadual no sentido de revisar o PCCR do magistério.

INFRAESTRUTURA NAS ESCOLAS É CRÍTICA

No estudo, a auditoria do tribunal constatou um elevado grau de precaridade da infraestrutura existente nas escolas, tomando como critérios a insuficiência de ambientes, grau de conservação, adequação quanto às redes elétricas e hidrossanitárias. Nas salas de aula, o conforto térmico, ventilação e conforto acústico são ruins ou regulares, sendo que 69,5% dos sanitários estão com estado de conservação e limpeza ruins ou regulares.

Um dos maiores problemas encontrados foi a inobservância às normas de acessibilidade e de segurança pessoal e patrimonial das escolas. Segundo o TCE, a situação foi causada por falta de fiscalização das prefeituras, Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), Conselheiro Regional de Engenharia (Crea) e Corpo de Bombeiros. Além da problemática se mostrar preocupante, 96,67% dos alunos estão insatisfeitos com a estrutura física das suas escolas.

Neste segmento, 76,8% das escolas não têm salas de atendimento especial e em 35,4% das instituições de ensino médio as vias e dependências não estão adequadas aos alunos com deficiência ou mobilidade reduzida e 36% não possuem banheiros adequados. Com isso, o TCE determinou que a SEE cumpra as normas de mobilidade em todas as escolas do Estado.

SECRETÁRIA MÁRCIA LUCENA DIZ QUE ESTADO CONHECE PROBLEMAS

A secretária de Educação, Márcia Lucena, afirmou que os problemas apontados pela auditoria do TCE já eram conhecidos da SEE. “Desde 2011 acompanhamos com o ‘Caminhos da Gestão Participativa’, projeto que faz um trabalho de diagnóstico em toda a rede. Temos as informações o tempo inteiro atualizadas e já temos alguns encaminhamentos no sentido de solucionar esses problemas”, afirmou Márcia Lucena.

A secretária aprovou a auditoria feita pelo TCE e a colaboração do órgão de controle. Em relação ao número de professores prestadores de serviço, a secretária ressaltou a realização de dois concursos para o magistério após 28 anos. “De fato ainda temos um número muito grande de prestadores de serviço, são 8 mil prestadores de serviço e 13 mil professores concursados, depois do concurso”, destacou Márcia Lucena.

O QUE DIZ O TCE

O relatório preliminar, segundo explicou o presidente da Corte, Fábio Nogueira, é passível da contraposição dos gestores da educação estadual e corresponde à fase inicial do trabalho da Auditoria Operacional (AOP). A intenção do TCE, de acordo com ele, é construir um cenário desejável para o ensino médio e a Corte de Contas atua, nesse sentido, exercendo seu caráter pedagógico e não apenas punitivo.


Jornal da Paraíba

sábado, 16 de novembro de 2013

Diesel de dendê pode ser mais poluente que o de petróleo, alerta estudo


O governo brasileiro e empresas como Petrobras e Vale estão investindo pesado no óleo de palma, especialmente por causa de sua alta produtividade, em comparação com outras opções agrícolas para a produção de biodiesel.

No entanto, o coro dos ambientalistas — que criticam a exploração do dendê para esse fim — acaba de ganhar mais um apoio importante.

Duas pesquisadoras do Instituto de Estudos de Transportes da Universidade da Califórnia, em Davis, publicaram nesta quinta-feira um estudo, fazendo um alerta sobre como a produção de biodiesel de óleo de palma, no Pará, pode gerar muito mais emissões de CO2 do que a do diesel tradicional, feito de petróleo.

A pesquisa, feita por Sahoko Yui e Sonia Yeh, afirma que o governo brasileiro precisa intensificar a fiscalização contra o desmatamento de florestas para o plantio de palmeira de dendê.

Caso contrário, a expansão do setor pode se tornar inviável sob o prisma de se ter outra fonte de energia renovável, não apenas ampliando a emissão de poluentes mas também intensificando o desmatamento da floresta amazônica no Pará, maior produtor de dendê.

Cadeia de produção

As duas pesquisadoras usaram um modelo de cálculo que leva em conta toda a cadeia produtiva do óleo de palma, incluindo as emissões da extração em si, da mudança no uso de terras em áreas vizinhas ao plantio e do transporte necessário para levar a produção até os locais de escoamento.

Segundo elas, o governo não está levando em consideração as emissões provenientes do transporte, que são especialmente importantes dada as amplas distâncias a serem percorridas em um estado grande como o Pará.

Publicada na revista Environmental Research Letters, o estudo criou três cenários diferentes para analisar, durante três décadas, a quantidade de carbono emitido durante a produção do óleo de palma. 

A principal diferença entre os cenários é a possibilidade de o plantio da palmeira não ocorrer apenas em áreas já desmatadas, como determina o Zoneamento Agroecológico da Palma, mas tomar áreas protegidas, diante da fiscalização precária na região.

No primeiro cenário, apenas um terço das plantações aconteciam em regiões já desmatadas, com o restante ocupando áreas de conservação ambiental e em terras indígenas.

No segundo e no terceiro, uma proporção maior das plantações (46% e 78%, respectivamente) ocorria em áreas já desmatadas.

Em cada cenário, 22,5 milhões de hectares de terra foram usados para a plantação, gerando quase 110 bilhões de litros de biodiesel por ano.

No primeiro e no segundo cenários, onde havia nenhuma ou pouca fiscalização, a mudança no uso da terra resultou em, respectivamente, 84 e 69 gramas de CO2 emitidas por megajoule. De acordo com a Comissão Europeia, a intensidade da emissão de carbono com o diesel é de 83,3 gramas de CO2 por megajoule.

No entanto, as pesquisadores deixam claro que se a extração, o refino, o transporte e a combustão real do biodiesel forem levados em consideração e adicionados às emissões calculadas nesses dois cenários, o total de emissões vai superar em grande escala a do diesel.

"Se o governo brasileiro quer promover políticas que encorajem o uso de terras desmatadas próximas de áreas ambientalmente e ecologicamente sensíveis, então ele também deveria considerar as consequências associadas à fiscalização precária, se quiser evitar danos irreversíveis ao meio ambiente", disse Yeh.

Olho grande

A produção de biodiesel é uma das bandeiras do governo brasileiros nos últimos anos. Em 2006, de acordo com o estudo, o país produziu 69 milhões de litros do produto. Hoje, essa produção é estimada em 3 milhões de litros — mais de 80% proveniente da soja, de acordo com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

Mas o dendê vem ganhando espaço por sua produtividade ser maior do que outras opções para produções de biodiesel. Enquanto a soja produz cerca de 550 quilos de óleo por hectare, o dendê produz 6 mil quilos por hectare, ainda segundo a Embrapa.

Além disso, o dendê seria vantajoso economicamente também por precisar de pouca tecnologia para ser colhido e por crescer em solos pobres.

O investimento no setor provém ainda da necessidade de se aumentar a produção de biocombustível para suprir o crescimento da frota de automóveis no país (cerca de 150% nos últimos 12 anos), além da demanda do mercado de biocombustível para a indústria da aviação e da quantidade mais elevada do produto no óleo diesel.

Recentemente, o governo aprovou uma lei para destinar 4,3 milhões de hectares de áreas desmatadas para o plantio de palma, a maioria no norte do Pará, segundo o estudo da Universidade da Califórnia. O governo também identificou mais de 30 milhões de hectares de terras fora de áreas protegidas que são aptas para o cultivo.

Essa expectativa vem sendo aproveitada por empresas como Petrobras e Vale, que em 2001 comprou uma das maiores companhias do setor, a BioPalma, e anunciou que pretende investir quase R$ 1 bilhão para nos próximos anos.

Questionado pela BBC Brasil, o Ministério do Desenvolvimento Agrário não comentou o assunto por ainda estar analisando a pesquisa.

Ambientalistas criticam a expansão do plantio da palma, por considerarem que ele seja um dos maiores responsáveis pelos desmatamentos mundo afora.

O principal foco do problema é na Indonésia e na Malásia, os maiores produtores de dendê. Nesses países o plantio é feito em florestas, minando a biodiversidade local, expulsando de suas terras animais como tigres de Sumatra e orangotangos.

BBC BRASIL

Desmatamento na Amazônia aumenta 28%


O desmatamento na Amazônia subiu 28% segundo números do Projeto de Monitoramento da Floresta Amazônica por Satélites (Prodes) e do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe). Os dados apresentados hoje (14), pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, são equivalentes ao período de agosto de 2012 a julho de 2013 e mostram que a área desmatada foi 5.843 quilômetros quadrados.

Apesar do aumento, a ministra assegurou que essa é a “segunda menor taxa de desmatamento já registrada em toda a história” desde que o monitoramento começou a ser feito pelo Inpe. Entre os estados que mais desmataram estão Mato Grosso (52%) e Roraima (49%). Quando o cálculo é feito em quilômetros os estados que lideram o ranking de desmatamento são o Pará, com 2.379 quilômetros quadrados, e Mato Grosso, com 1.149 quilômetros quadrados.

Izabella também confirmou que retornará mais cedo da Conferência Mundial do Clima, em Varsóvia, na Polônia, para participar de uma reunião com todos secretários estaduais de meio ambiente da Região Amazônica, onde cobrará explicações sobre os desmatamentos em cada estado.

Agência Brasil

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

2013 pode ser o 7º ano mais quente desde 1850, aponta agência da ONU


O ano de 2013 tem tudo para ser considerado pela Organização Meteorológica Mundial como o sétimo mais quente desde 1850, quando foram iniciadas as medições deste tipo pela instituição. De janeiro a setembro, a temperatura global subiu 0,48º C acima da média registrada entre 1961 e 1990.

As informações foram divulgadas na manhã desta quarta-feira (13) durante coletiva de imprensa em Varsóvia, na Polônia, onde acontece a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 19.

O documento afirma que os nove primeiros meses do ano aparecem, ao lado de 2003, no sétimo lugar entre os mais quentes da história e pode ser considerado um dos dez mais quentes já registrados.

Enquanto em 2012 as temperaturas extremas foram registradas nos Estados Unidos, em 2013 o calor foi mais intenso na Austrália.

O texto confirmou ainda que nível do mar tem subido, em média, 3,2 mm anualmente desde que as medições por satélite foram iniciadas, em 1993. A taxa é considerada "um novo recorde" pela agência da Organização das Nações Unidas (ONU).

Segundo o relatório, a taxa observada de aumento do nível do mar entre 2001 e 2010 era de 3 mm e a média observada no século passado foi de 1,6 mm de elevação ao ano.

Para Michel Jarraud, secretário-geral da organização, as concentrações atmosféricas de dióxido de carbono (CO2)  e outros gases de efeito estufa atingiram níveis máximos de emissões em 2012 e “nós esperamos que eles atinjam níveis sem precedentes, mais uma vez, em 2013. Isso significa que estamos comprometidos com um futuro mais quente”, explicou.

Segundo ele, o nível dos oceanos subiu 20 centímetros apenas no século passado “fazendo com que as populações costeiras fiquem mais vulneráveis a tempestades. Vimos isso com consequências trágicas nas Filipinas”, disse o porta-voz da organização meteorológica.

Até o início de novembro deste ano, foram registrados 86 ciclones tropicais, de tufões a furacões no Atlântico. O índice se aproxima da média registrada entre 1981 e 2010, quando, anualmente, ocorreram 89 grandes tempestades.

Entre as tempestades registradas este ano está o tufão Haiyan, que atingiu as Filipinas e causou destruição em muitas cidades do país.

Dados regionais

De acordo com o texto da agência da ONU, as temperaturas na América do Norte ficaram acima acima da média em 2013, mas foram mais moderadas que em 2012.

A Austrália registrou entre novembro de 2012 e novembro de 2013 temperaturas consideradas “as maiores de todos os tempos”. Em alguns locais do país, os termômetros registraram 49,6º C. Na Ásia, o Japão teve o verão mais quente já registrado. A China e a Coreia do Sul registraram em agosto temperaturas altas.

Sobre a quantidade de chuvas, o relatório apontou que a América do Sul registrou uma quantidade de precipitação muito abaixo da média, principalmente no Nordeste do Brasil, “onde partes desta região sofreram com a pior seca em 50 anos no início de 2013”. O texto afirma ainda que o Planalto brasileiro experimentou seu maior déficit de chuvas desde que os registros começaram, em 1979.

Já Alemanha, Polônia, Áustria, Suíça e outros países da Europa tiveram índices extremos de chuva no fim de maio e começo de junho, com inundações na região dos rios Danúbio e Elba.

G1 Natureza

Índice de desmate na Amazônia deve ser maior este ano, diz ministério


O  assessor-especial da ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, Luiz Antônio Carvalho, disse nesta terça-feira (12) que o índice de desmatamento da Amazônia Legal entre agosto de 2012 e julho de 2013 deverá ser maior do que no período anterior, quando a devastação da floresta foi de 4.571 km², menor índice desde que foram iniciadas as medições, em 1988.


A informação poderá se confirmar com a divulgação dos dados do sistema Prodes (Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal), levantados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Segundo o assessor, os dados "devem seguir" a tendência de alta do sistema mensal de alertas de desmatamento Deter, que apontou, em setembro, aumento de 35% na devastação em um ano. Ele não acredita no entanto, que o aumento chegue a essa procentagem.

O Inpe ainda não fechou o Prodes para o período 2012-2013, informou o MMA. O índice, que é usado como dado oficial de desmatamento, deve ser anunciado até o fim do ano. Luiz Antônio Carvalho citou ao G1, como indício do provável aumento, a maior quantidade de autos de infração (uma etapa antes da aplicação da multa), e a constatação de que este ano os valores das multas a quem cometeu irregularidades estão “cinco vezes maiores” que no ano passado.

Além disso, segundo ele, técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) constataram grandes polígonos de desmatamento, principalmente no estado do Pará.

“Nós estamos prevendo que o Prodes, cujo primeiro resultado sempre é provisório, talvez indique um aumento [no desmate] em relação ao ano passado. Por quê? Porque ao analisar a atividade no campo, o desmatamento está acontecendo em grandes polígonos, em especial no Pará, fazendo com que esse acumulado [anual] dialogue com dados do Deter”, explica o porta-voz do ministério.

Tendência

O Deter é o sistema de detecção de desmatamento em tempo real do Inpe, que analisa a degradação (desmatamento parcial) e o corte raso (desmatamento total) da floresta nos estados que possuem vegetação amazônica (todos os da Região Norte, além de Mato Grosso e parte do Maranhão).

Em setembro passado, ele apontou que entre agosto de 2012 e julho de 2013 houve perda de 2.765,64 km² de floresta amazônica, alta de 35% em comparação com o período de agosto de 2011 e julho de 2012, quando houve a derrubada de 2.051 km² de vegetação.

O período de agosto a julho refere-se aos meses do "calendário do desmatamento", relacionado com as chuvas e atividades agrícolas no bioma. Sem explicitar números, Carvalho diz que mesmo com o possível aumento, o índice de desmatamento em 2013 não vai alcançar o total de 2011, quando a perda de floresta foi de 6,4 mil km².

Ele explica que operações realizadas pelo Exército e a Força Nacional nos estados amazônicos contribuíram para a redução nos crimes ambientais na região.

“Não estamos enxugando gelo, porque se você olhar os últimos três anos, o volume de floresta salva é praticamente o mesmo. Agora, tem muita gente tentando relacionar os aumentos com o código florestal, mas essa correlação é sem fundamento”, disse o assessor.

G1

domingo, 10 de novembro de 2013

Tufão pode ter matado mais de 10 mil pessoas nas Filipinas


Autoridades filipinas ainda tentam dimensionar neste domingo o grande rastro de destruição deixado pelo tufão Haiyan, que atingiu o país na sexta-feira, provocando milhares de mortes e um caos generalizado, com falta de água potável e episódios de saques nas áreas mais atingidas. Mais de 300 corpos já foram recuperados na cidade de Tacloban, onde autoridades estimam que o número de vítimas pode chegar a 10 mil. Na cidade de Basey, na ilha de Samar, 300 pessoas foram confirmadas mortas e outras 2 mil estão desaparecidas. Segundo o último balanço do governo, cerca de 480 mil pessoas estão desalojadas.

Com muitas províncias sem energia ou telecomunicações, e aeroportos localizados nas áreas mais atingidas, como Tacloban, especialistas dizem que é impossível saber a extensão dos danos da tempestade - ou entregar a ajuda tão necessária nesse momento. Mas se as estimativas divulgadas até o momento forem confirmadas o tufão Haiyan será expressivamente mais letal do que outras grandes tormentas. O furacão Katrina, que atingiu o estado americano de Nova Orleans em 2005, deixou mais de 1.800 mortos, enquanto a supertempestade Sandy, de 2012, matou 286 pessoas em sete países.

O prefeito de Tacloban, Alfred Romualdex, que precisou ser resgatado de um telhado, segundo o jornal "Inquirer", afirmou que é “inteiramente possível” que 10 mil pessoas tenham morrido em decorrência da tempestade. A estimativa também foi confirmada por Elmer Soria, chefe da polícia regional da ilha de Leyte, onde está localizada a cidade. Soria relatou que o governador provincial Dominic Petilla afirmou, no sábado à noite, que o número de mortos poderia ultrapassar os 10 mil, vítimas de afogamento, deslizamentos de terra e desmoronamentos de casas e edifícios.

- Tacloban está totalmente destruída. Algumas pessoas estão perdendo a cabeça, de fome ou pela morte de parentes - relatou o professor Andrew Pomeda. - As pessoas estão ficando violentas. Estão saqueando estabelecimentos comerciais, apenas para encontrar comida, arroz e leite. Tenho medo de que em uma semana, as pessoas vão estar matando por fome.

- As pessoas estão andando como zumbis, procurando por comida - disse Jenny Chu, um estudante de medicina em Leyte. - É como num filme.

O Haiyan teria arrasado entre 70% e 80% dos prédios de Tacloban, no litoral leste do país. Em algumas áreas da cidade, as águas subiram mais de 10 metros.

- A água estava tão alta quanto um coqueiro. Enquanto éramos arrastados pela água, vi muita gente levantando as suas mãos e gritando por ajuda - lembrou um dos sovreviventes ao jornal "Inquirer".

O presidente Benigno S. Aquino III, que declarou "estado de calamidade" no país, chegou neste domingo à cidade de 22 mil habitantes para se encontrar com algumas das vítimas da tempestade e coordenar esforços de resgate e limpeza. Seu secretário de Defesa, Voltaire Gazmin, descreveu um cenário caótico.

- Não há energia, não há água, não há nada - disse Gazmin. - As pessoas estão desesperadas. Elas estão saqueando.

A falta de informações claras sobre a extensão dos danos levanta a possibilidade de que outras áreas poderiam ter sido tão duramente atingidas como Tacloban, onde foram concentrados os esforços de resgate.

- De um helicóptero, você pode ver a extensão da devastação. Desde a costa até um quilômetro para o interior, não existem estruturas de pé. Foi como um tsunami - afirmou o secretário do Interior, Manuel Roxas. - Eu não sei como descrever o que eu vi. É horrível.

A Embaixada dos Estados Unidos em Manila fez uma doação de US$ 100 mil para os esforços de saúde e saneamento. Uma equipe de avaliação de desastres das Nações Unidas já chegou ao país.

"A última vez que vi algo nessa escala foi após o tsunami no Oceano Índico", declarou Sebastian Rhodes Stampa, chefe da equipe da ONU, disse em um comunicado, referindo-se ao tsunami de 2004 que devastou parte da Indonésia e outros 13 países. "Esta é a destruição em uma grande escala. Os carros foram jogados como se fossem de papel".

O Conselho para a Gestão e Redução de Desastres do país informou que cerca de 4 milhões de pessoas de 36 províncias das Filipinas foram afetadas pelo fenômeno, qualificado por agências meteorológicas como supertufão, já que seus ventos superaram os 240 km/h — o Katrina, por exemplo, teve ventos de 175 km/h no máximo.

O tufão direciona-se neste domingo às regiões central e norte do Vietnã, onde mais de 500 mil pessoas foram retiradas de suas casas apesar das previsões meteorológicas de que a tempestade vai enfraquecer. Ao menos quatro pessoas já morreram, aparentemente na tentativa de escapar da tempestade, informou a BBC.

O Globo


Rodízio de abastecimento faz paraibanos recorrerem a poços, mas água está contaminada


Por conta do rodízio do abastecimento de água em Patos, no Sertão do Estado, poços estão sendo reativados para garantir oferta hídrica para os moradores. No entanto, em alguns, a Gerência de Vigilância Sanitária identificou contaminação na água e os moradores são orientados a não consumir a água. Cerca de 40 poços serão reativados e o município pretende tratar a água, caso não ocorram chuvas nos próximos meses.

De acordo com o gerente da Vigilância Sanitária, Petrônio Gouveia, a contaminação da água dos poços ocorre em virtude de não existir de um sistema de tratamento nos equipamentos. “Os poços estavam desativados porque até então não havia necessidade. Com o rodízio surgiu à necessidade de oferecer mais oferta de água para a população e a alternativa encontrada foram os poços. Estamos orientando que a água não é para ser consumida, apenas para atividades domésticas, como lavar louça, banheiro e roupas, por exemplo”, explicou.

Dos quarenta poços existentes, 24 já foram reativados. Em cinco deles foi constatada que a água está contaminada. “Existem impurezas nos poços e a meta é limpá-los para no futuro, dependendo das necessidades, tratarmos para que seja possível oferecer água potável para população”, disse Petrônio.

Patos e mais 14 cidades da região estão sob rodízio no abastecimento de água desde o último dia 2 e a Companhia de Agua e Esgotos (Cagepa) poderá intensificar a manobra, caso não chova até o primeiro trimestre do próximo ano. “Ainda não cogitamos racionamento em Patos, mas por enquanto estaremos fazendo o rodízio por bairros. Se for preciso intensificar o número de dias sem água faremos, dentro das necessidades da população”, disse o gerente da Cagepa em Patos, Maciel Damasceno.
 
Portal Correio

sábado, 9 de novembro de 2013

Chuvas de meteoros são mais comuns do que se pensava, diz estudo


Pesquisadores descobriram que meteoritos similares aos que caíram sobre a cidade russa de Chelyabinsk têm entrado em colisão na atmosfera terrestre com uma frequência surpreendente.

Alguns defendem a criação de sistemas de alerta para esse tipo de evento.

"Provavelmente vale a pena ter algum sistema que 'escaneie' o céu de forma contínua e procure esses objetos antes que eles atinjam a Terra", disse Peter Brown, professor da Universidade de West Ontario (Canadá) ao programa Science in Action, do Serviço Mundial da BBC. "No caso de Chelyabinsk, um aviso prévio de alguns dias teria sido valioso."

Estima-se que a chuva de meteoritos sobre a cidade russa tenha deixado mais de mil feridos.

Poder energético

O tamanho do corpo celeste que originou a chuva de meteoritos é estimado em 19 metros de largura e liberou energia mais poderosa do que a de uma arma nuclear.

Agora, os cientistas acreditam que podem haver rochas especiais parecidas a ele em rota de colisão com a Terra.

Uma equipe internacional analisou dados coletados nas duas últimas décadas por sensores usados pelo governo dos EUA e por sensores infravermelhos posicionados ao redor do mundo.

Eles servem para detectar a ameaça de armas nucleares, mas também são capazes de identificar os choques causados pelo impacto de asteroides.

Os pesquisadores descobriram que, nesse período, cerca de 60 asteroides de até 20 metros de largura se chocaram com a atmosfera terrestre - muito mais do que pensava anteriormente.

A maioria passou despercebido porque explodiu sobre oceanos ou sobre áreas remotas.

Risco subestimado

A descoberta sugere que o risco de chuvas de asteroides como a de Chelyabinsk tem sido subestimado. Os pesquisadores acreditam que os choques desses asteroides são entre duas e dez vezes mais comuns do que se pensava antes a partir de observações telescópicas.

"Imaginaríamos que (eventos como o de) Chelyabinsk só ocorreriam a cada 150 anos, com base em informações telescópicas", disse Brown. "Mas, quando você olha os dados e os extrapola, vê que isso ocorre mais ou menos a cada 30 anos."

Eventos como o ocorrido na Sibéria, em 1908 - quando centenas de quilômetros quadrados de floresta foram devastados pela queda de um asteroide - provavelmente ocorrem a cada cento e poucos anos, em vez de a cada mil e poucos anos, acrescentou Brown.

"Há literalmente milhões de objetos de dezenas de metros de comprimento que suspeitamos que sejam asteroides que podem se aproximar da Terra", declarou o professor.

"Só descobrimos cerca de mil deles. Há muitos a serem descobertos, mas seria algo muito caro e que provavelmente não valeria a pena, já que a atmosfera para a maior parte deles. O que pode valer a pena é (criar) sistemas que identifiquem (os asteroides) alguns dias ou semanas antes de eles se chocarem, para que possamos saber onde eles vão atingir. Isso daria a chance de alertar autoridades de defesa civil."

BBC BRASIL


Grupo desenvolve métodos para detectar resíduos de fármacos veterinários em peixes


Desenvolver métodos para detectar resíduos de fármacos veterinários em peixes que possam ser úteis para programas de vigilância sanitária é o objetivo de um grupo de pesquisadores coordenado por Felix Guillermo Reyes Reyes, professor da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (FEA/Unicamp).

O projeto, que também envolve pesquisadores do Instituto de Química da Unicamp, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Embrapa, foi um dos aprovados na chamada de propostas lançada em abril de 2013 pela FAPESP e pela Agilent Technologies.

“Vamos estudar como os fármacos veterinários são absorvidos e metabolizados pelas três espécies de peixes de maior valor comercial no Brasil: tilápia, tambaqui e pacu. Realizaremos estudos de depleção de resíduos, particularmente em filé de peixes, que é a parte consumida, a fim de saber quanto tempo leva para que a substância administrada esteja abaixo do limite máximo permitido e não ofereça risco à saúde humana. Assim, poderemos estabelecer o período de carência entre a última aplicação do medicamento e o momento em que o peixe é abatido para consumo”, explicou Reyes.

Serão desenvolvidos métodos analíticos tanto para a determinação de moléculas específicas como métodos multirresíduos. Do ponto de vista da vigilância sanitária, um dos objetivos é avaliar o uso de substâncias não aprovadas para a piscicultura.

“Há atualmente apenas dois antimicrobianos registrados no país para uso na piscicultura – provavelmente por falta de interesse das empresas de medicamentos veterinários em licenciar seus produtos para uso no setor. Existe, por outro lado, uma forte suspeita de que os criadores estejam utilizando produtos registrados para outras espécies animais, pois os peixes criados nessas condições estão sob forte estresse e, portanto, muito suscetíveis a infecções. Mas esse uso ilegal é feito sem qualquer estudo para verificar a dose adequada e sem avaliação de risco”, disse Reyes.

Além da ameaça à saúde dos consumidores, alertou Reyes, o uso não controlado de fármacos veterinários na piscicultura pode trazer prejuízos ambientais e contribuir para o desenvolvimento de resistência bacteriana aos antimicrobianos hoje existentes.


“Algumas dessas substâncias foram estudadas em outros países para uso na piscicultura, mas os resultados não são necessariamente válidos para o Brasil, pois as condições ambientais são diferentes e as espécies estudadas também. Tudo isso influencia a forma como o fármaco é metabolizada e, consequentemente, o período de carência”, disse Reyes.

O professor da Unicamp apresentou detalhes do projeto em um simpósio organizado pela FAPESP e pela Agilent no dia 30 de outubro. Na ocasião, Reyes afirmou que o Brasil, com 12% da água doce disponível do planeta, reúne condições para se tornar o maior exportador de peixes e derivados do mundo.



Fapesp 

Autoridade dos EUA propõe banir gordura trans adicionada a alimentos


A Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira (7) sua intenção de declarar que os óleos parcialmente hidrogenados, principal fonte de gordura trans em alimentos processados, não são seguros para uso em comida, devido aos riscos que implicam para a saúde.

A FDA afirmou que baseou sua decisão em provas científicas disponíveis e conclusões de painéis de especialistas científicos.

O órgão tornará efetiva sua decisão depois de um período de 60 dias para obter mais informações sobre o tempo que a indústria da alimentação necessita para cumprir com a proibição desse ingrediente. Os prazos serão diferentes para cada alimentos, dependendo da dificuldade que será para substituí-los.

"Apesar de o consumo de gorduras hidrogenadas artificiais, potencialmente perigosas para a saúde, ter diminuído nas últimas duas décadas nos Estados Unidos, continua sendo uma preocupação maior em termos de saúde pública", afirmou a diretora da FDA, Margaret Hamburg.

Segundo a FDA, a ingestão de gordura trans por consumidores americanos diminuiu de 4,6 gramas por dia em 2003 para uma grama por dia em 2012.

"Uma nova redução nas quantidades dessas gorduras na dieta americana poderá evitar 20 mil ataques de coração e 7 mil mortes a mais a cada ano", assinalou.

Natural x artificial

Gorduras trans naturais são encontradas em níveis baixos em alguns alimentos, como carne e produtos derivados do leite. As gorduras trans artificiais são feitas a partir de um processo de hidrogenação do óleo, e são conhecidas como gordura hidrogenada. Esse tipo de gordura pode ser usado, por exemplo, para fazer frituras.

Gorduras trans artificiais também podem ser encontradas em comidas processadas, como biscoitos e bolos, e são as vezes usadas para prolongar a vida dos produtos nos prateleiras.

Uma dieta rica em gorduras trans pode também levar a altos níveis de colesterol ruim no sangue.

G1 Saúde

Cientistas descobrem nos EUA 'tio-avô' do Tiranossauro Rex


Cientistas do estado norte-americano de Utah dizem ter descoberto o "tio-avô" do Tyrannosaurus rex, um predador enorme com um crânio pesado e grandes dentes, apelidado de "rei do sangue".

Ossos do dinossauro de 7,3 metros de comprimento, pouco menor do que o T-Rex e cerca de 10 milhões de anos mais velho, foram revelados no Museu de História Natural de Utah, em Salt Lake City.

Informações sobre a pesquisa foram publicadas no periódico científico "PLoS One".

Pesquisadores esperam que a descoberta ajude a entender melhor o ecossistema onde o predador viveu. Descoberto por funcionários da Agência Federal de Administração da Terra no leste do Utah em 2009, o animal foi batizado de Lythronax argestes, ou "rei do sangue", por causa de seus dentes enormes e da aparência de predador.

"Descobrir o Lythronax antecipa a evolução do grupo no qual surgiu o T-Rex, o que é algo que não entendíamos antes", disse Mark Loewen, geólogo da Universidade de Utah, que liderou a escavação do novo dinossauro. "O Lythronax é como o tio-avô do T-Rex".

Mais antigo do que se pensava

Paleontologistas achavam que membros do grupo com características como o T-Rex --corpos grandes, braços pequenos, crânios pesados e olhos para frente-- datavam de 70 milhões de anos, mas o Lythronax mostra sinais de ter existido pelo menos há 80 milhões de anos.

Como seu parente, acredita-se que o Lythronax era o maior predador de sua época, perambulando por uma faixa de terra que ia do México ao Alasca, incluindo partes de Utah, durante a idade campaniana, no final da era Cretácea.

"O que é mais legal é que isso mostra que as origens dos últimos tiranossauros conhecidos estavam na parte sul da América do Norte, e não na Ásia ou mais longe na América do Norte" como se pensava antes, disse Andrew Farke, curador do Museu de Paleontologia Raymond M Alf, em Claremont, Califórnia.

Fotografias dos restos fósseis da espécie recém-descoberta foram enviadas para Loewen e sua equipe logo depois de serem descobertos no extremo sul do Monumento Nacional Grand Staircase-Escalante, na fronteira entre Colorado e Utah.

O grupo passou os dois anos seguintes resgatando, preservando e reunindo os ossos. Então, viajou para locais onde outros ossos do grupo de tiranossauro estavam sendo estudados, inclusive a China, Birmingham, Alabama; Washington, D.C. e Nova York.

Descoberta interessante

Os ossos do Lythronax estavam dispostos entre camadas de cinzas vulcânicas, o que permitiu aos cientistas determinar a idade do dinossauro estudando a decomposição dos cristais de cinzas que os cercavam.

"Esse tipo de descoberta é muito interessante e excitante porque não é apenas outro animal daquela era, mas um grande predador daquela era", disse o paleontologista Peter Roopnarine, que estuda a ecologia dos períodos de dinossauro para a Academia de Ciências da Califórnia.

Roopnarine disse que ser capaz de aprender mais sobre o Lythronax vai revelar mais sobre o ecossistema da época de seu reinado.

 Reuters

Flor-cadáver desabrocha no quintal de família em Santa Bárbara de Goiás


A internauta Perpétua Divina Silva, de 31 anos, enviou, via VC no G1, imagens de uma planta que floresceu no quintal de sua casa, em Santa Bárbara de Goiás, a 49 quilômetros de Goiânia. O exemplar chamou a atenção da família por se tratar de uma flor-cadáver, que exala um forte mau cheiro. "Parece carniça", diz a autora das fotos.

Perpétua diz que a flor desabrochou na sexta-feira (1). Um dia depois, segundo ela, o cheiro estava insuportável: "Tivemos que fechar as portas de casa para ver se amenizava o fedor".

A planta pertence ao irmão de Perpétua, o costureiro Welton Messias da Silva, de 29 anos. Ele contou ao G1 que ganhou o bulbo há três anos e desde então o cultivava, sem saber, inicialmente, que se tratava de uma flor-cadáver. "Um amigo me perguntou se eu queria uma planta carnívora e eu disse que sim", relata.


Há cerca de um ano ele começou a desconfiar que poderia ter um exemplar da planta mau cheirosa. "Ela nunca tinha florescido antes, mas tinha uma folhagem que parecia pele de animal. Uma vez, assistindo um documentário, eu vi uma flor-cadáver e a folhagem era parecida. Mas a flor era diferente da minha", explica.
Apesar do cheiro desagradar a família, Welton pretende continuar cultivando a flor: "Tenho um carinho por ela".

Nota da redação: Doutor em botânica, o professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) José Ângelo Rizzo explica que a planta, vulgarmente conhecida como flor-cadáver, pertence à família arácea e floresce nessa época, por causa do início do período chuvoso. Por não ser nativa do Brasil, é pouco cultivada no país. Segundo o especialista, ela exala o cheiro parecido com carne podre para atrair insetos, tanto para a polinização quanto para se alimentar. "Ela solta uma substância que dissolve o corpo do inseto", explica.

G1 Natureza

Mais de 10 mil peixes mortos são encontrados em lago chinês


Mais de 10 mil peixes foram encontrados mortos em lago dentro de um parque na China nesta terça-feira (5). Os peixes estavam perto de um cano que jogava esgoto dentro do lago, de acordo com a mídia local. O parque fica em Shenzhen, na província de Guangdong.



G1

domingo, 3 de novembro de 2013

Eclipse solar poderá ser visto no Norte e Nordeste neste domingo


Neste domingo (3) ocorrerá o último eclipse de 2013. Será um eclipse solar híbrido, fenômeno raro que tem diferentes “formas”, dependendo do ponto de observação na Terra. No Norte e Nordeste do Brasil, será possível ver um eclipse parcial.

No extremo Norte, como no Amapá e no Rio Grande do Norte, a cobertura será de 30%. Em outros pontos desta região e da região Nordeste será de 20% ou de 10%. O horário de observação do máximo do eclipse no Brasil depende da posição em que estiver o observador, podendo variar entre 9h10 e 10h do horário de Brasília.

Em outras regiões do planeta, observadores poderão ver eclipse total, com o Sol completamente coberto pela Lua, ou eclipse anular, em que o Sol é coberto pela Lua, mas seu contorno continua descoberto.

Segundo o astrônomo Cássio Barbosa, “com eclipse ou sem eclipse, nunca se deve olhar diretamente para o Sol, mesmo com radiografias ou vidros enfumaçados. Pode-se usar vidros de soldador, ou uma técnica bacana usando uma fresta de luz. Faça um furinho em uma folha de papel e você poderá ver a imagem do Sol eclipsado projetada no chão”.

 G1 Natureza

Parasita prejudica pesca de camarão na costa sudeste do Atlântico


A quantidade de camarões pescados na costa do sul do Atlântico, nos Estados Unidos, tem desabado nos últimos meses, uma vez que um parasita tem dificultado a respiração das criaturas, de acordo com autoridades de vida selvagem da Georgia e da Carolina do Sul.

Especialistas dizem acreditar que a doença de guelras negras, causada por um minúsculo parasita, contribuiu para o aumento das mortes de camarões brancos entre agosto e outubro, tipicamente o ápice da temporada de pesca.

A doença não mata diretamente os camarões, mas prejudica sua resistência e os torna mais vulneráveis a predadores.

"É como se os camarões estivessem fumando três maços de cigarros por dia, e agora têm que correr uma maratona", disse o diretor do Escritório de Gestão de Pesca da Carolina do Sul, Mel Bell.
"Pescadores de camarão estão nos informando que quando depositam o que pescaram em seus barcos, os camarões estão mortos", acrescentou.

G1

sábado, 2 de novembro de 2013

Pesquisadores anunciam a ‘extinção inexorável’ do Rio São Francisco


É equivalente a dar oito voltas na Terra — ou a andar 344 mil quilômetros — a distância percorrida por pesquisadores durante 212 expedições ao longo e no entorno do Rio São Francisco, entre julho de 2008 e abril de 2012. O trabalho mapeia a flora do entorno do Velho Chico enquanto ocorrem as obras de transposição de suas águas, que deverão trazer profundas mudanças na paisagem. Mais do que fazer relatórios exigidos pelos órgãos ambientais que licenciam a obra, o professor José Alves Siqueira, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina, Pernambuco, reuniu cem especialistas e publicou o livro “Flora das caatingas do Rio São Francisco: história natural e conservação” (Andrea Jakobsson Estúdio). A obra foi lançada em Recife este mês.

Em 556 páginas e quase três quilos de textos, mapas e muitas fotos, a publicação é o mais completo retrato da Caatinga, único bioma exclusivo do Brasil e extremamente ameaçado. O título do primeiro dos 13 capítulos, assinado por Siqueira, é um alerta: “A extinção inexorável do Rio São Francisco”.

— Mostro os elementos de fauna e da flora que já foram perdidos. É como uma bicicleta sem corrente, como anda? E se ela estiver sem pneu? E se na roda estiver faltando um raio, e quando a quantidade de raios perdidos é tão grande que inviabiliza a bicicleta? Não sobrou nada no Rio São Francisco. Sinceramente, não sei o que vai acontecer comigo depois do livro, mas precisava dizer isso — desabafa o professor da Univasf. — Queremos que o livro sirva como um marco teórico para as próximas décadas. Vou provar daqui a dez anos o que está acontecendo.

Ao registrar o estado atual do Rio São Francisco, o pesquisador estabelece pontos de comparação para uma nova pesquisa, a ser feita no futuro, medindo os impactos dos usos do rio. Além do desvio das águas, há intenso uso para o abastecimento humano, agricultura, criação de animais, recreação, indústrias e muitos outros. Desaguam no Velho Chico milhares de litros de esgoto sem qualquer tratamento. Barramentos — sendo pelo menos cinco de grande porte em Três Marias, Sobradinho, Itaparica, Paulo Afonso e Xingó — criam reservatórios para usinas hidrelétricas. Elas produzem 15% da energia brasileira, mas têm grande impacto. Alteraram o fluxo de peixes do rio e a qualidade das águas, acabaram com lagoas temporárias e deixaram debaixo d’água cidades ou povoados inteiros, como Remanso, Casa Nova, Sento Sé, Pilão Arcado e Sobradinho.

Com o fim da piracema, uma vez que os peixes não conseguiam mais subir o rio para se reproduzir, o declínio do número de cardumes e da variedade de espécies foi intenso. Entre as mais afetadas, as chamadas espécies migradoras, entre elas curimatá-pacu, curimatá-pioa, dourado, matrinxã, piau-verdadeiro, pirá e surubim.

Não foram as barragens as únicas culpadas pelo esgotamento de estoques pesqueiros do Velho Chico. Programas de incentivo da pesca, que não levaram em consideração a capacidade de recuperação dos cardumes, aceleraram a derrocada da atividade. Espécies exóticas, introduzidas no rio com o objetivo de aumentar sua produtividade, entre elas o bagre-africano, a carpa e o tucunaré, se tornaram verdadeiras pragas, sem oferecer lucro aos pescadores.

A região do São Francisco, que já foi considerado um dos rios mais abundantes em relação a pescado no país, precisa lidar com a importação em larga escala de peixes, sobretudo os amazônicos, para suprir o que não consegue mais fornecer. Uma das espécies mais comercializadas na Praça do Peixe, a 700 metros do rio, é o cachara (surubim) do Maranhão ou do Pará. Nos restaurantes instalados nas margens do Rio São Francisco, o cardápio oferece tilápias cultivadas ou tambaquis importados da Argentina.


A mudança provocada pelo homem tanto nas águas do Velho Chico quanto na vegetação que o circunda foi drástica e rápida. Tendo como base documentos históricos disponíveis, entre eles ilustrações de expedições de naturalistas importantes, como as do alemão Carl Friedrich Philipp von Martius, é possível ver a exuberância do passado. Um desenho feito há 195 anos mostra os especialistas da época deslumbrados com árvores de grande porte, lagoas temporárias, pássaros em abundância. Ou seja, uma enorme biodiversidade, que hoje não existe mais.

Menos de dois séculos depois, restam apenas 4% da vegetação das margens do Rio São Francisco. Desprovidas de cobertura verde, elas sofrem mais com a erosão, que assoreia o rio em ritmo acelerado. Os solos apresentam altos índices de salinização e os açudes ficam com a água salobra. Aumentam as áreas de desertificação. O Velho Chico está praticamente inviável como como hidrovia. Espécies foram extintas e ecossistemas estão profundamente alterados.

Diante da expectativa da “extinção inexorável do Rio São Francisco”, o livro ressalta a importância de gerar conhecimento científico. Não apenas os pesquisadores precisam se debruçar mais sobre o bioma como também o senso comum criado sobre a Caatinga a empobrece. Por isso o título do livro optou por “Caatingas”, no plural, chamando a atenção para sua enorme diversidade.

— O processo que levará ao fim do Rio São Francisco não começou hoje. Basta olhar a ilustração para ver o que aconteceu em tão pouco tempo, menos de 200 anos. A imagem nos mostra um bioma surpreendente: o tamanho das árvores, a diversidade de animais, a exuberância — ressalta Siqueira. —Observamos que ocorre um efeito em cascata. Tanto que, se algo não for feito agora, de forma veemente, o impacto do aquecimento global na Caatinga, que é o local mais ameaçado pelas mudanças climáticas, será dramático.

Exclusividade do Brasil

Difundir o conhecimento gerado durante as expedições é um dos principais legados da publicação. Ainda mais porque trata-se de uma temática brasileiríssima. Aproveitando o jargão ambientalista, que chama de endêmica a espécie que só existe numa determinada região, José Alves Siqueira diz que a Caatinga e o Rio São Francisco são dois endemismos brasileiros. O bioma só ocorre no Brasil, assim como o Velho Chico, que é o único corpo hídrico de grande porte que nasce e deságua em território nacional. Além disso, entre as 1.031 espécies coletadas — a partir de 5.751 amostras —, 136 (13,2%) são restritas à Caatinga. Além disso, 25 espécies cuja ocorrência não era conhecida no Nordeste foram encontradas. Situação semelhante ocorreu com 164 plantas, nunca antes observadas na Caatinga. Mas a cereja do bolo é uma nova espécie coletada por pesquisadores, que ainda estão trabalhando com as informações obtidas em campo para publicar, até o final do ano, a descrição da planta em uma revista especializada.

— A espécie mais próxima desta é do Charco, na Argentina e Paraguai. Isso mostra uma relação entre Caatinga com aquele bioma, são ecossistemas incríveis — ressalta Siqueira. — Este é um dos resultados fabulosos do trabalho, mostra mais uma vez que a Caatinga não é pobre, homogênea nem o patinho feio dos biomas.

No último capítulo, “A flora das Caatingas”, assinado por 78 especialistas de 40 instituições, diversas universidades, entre elas UFRJ e USP, jardins botânicos, Embrapa e até o Museu de História Natural de Viena, detalha métodos de pesquisa e apresenta uma lista florística com as 1.031 espécies. Também é possível ver informações na internet, na página www.hvasf.univasf.edu.br/livro.

Os pesquisadores ressaltam, ainda, que ainda há muito para se descobrir sobre a flora das Caatingas. As plantas desenvolvem mecanismos de adaptação que são ignoradas pela ciência. Sendo assim, os autores do livro destacam que são necessários esforço e dedicação para que o estágio do diagnóstico da diversidade biológica seja superado pelos estudos voltados para as práticas de conservação. Nesta direção, a Univasf criou o Centro de Referência para a Restauração de Áreas Degradadas.

Recuperar a Caatinga é uma tarefa árdua, requer conhecimento científico específico. Isso reforça a importância de manter áreas nobres ainda intocadas. A equação é simples: é muito mais fácil e barato manter a floresta em pé do que tentar reflorestar uma região degradada. Por outro lado, sem o rigor acadêmico, empresas que são obrigadas a replantar em determinadas áreas acabam fazendo as escolhas erradas, como colocar grama de crescimento rápido e impacto visual, mas inadequada para o meio ambiente.

Formatar um conhecimento consolidado de como recuperar a Caatinga deverá ser um trabalho para pesquisadores durante os próximos 30 anos. Um capítulo inteiro é dedicado ao assunto: “Restauração ecológica da Caatinga: desafios e oportunidades”, assinado por Felipe Pimentel Lopes de Melo, do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Pernambuco; Fabiana de Arantes Basso, do Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas da Caatinga, da Univasf; e Siqueira. Os autores expressam a urgência de melhorar a relação do homem com o meio ambiente. É fundamental superar a tensão entre a conservação dos recursos naturais com a crescente demanda por matéria-prima, como lenha, carvão, água e energia. Em geral, as soluções imediatistas e sem planejamento trazem enormes prejuízos econômicos, sociais e ambientais: os três pilares da sustentabilidade.

O livro também pode ser lido como uma exaltação ao bioma, incluindo a chamada cultura ‘caatingueira’ e a alma sertaneja, que não são deixadas de fora da edição. No segundo capítulo, (“Viajantes naturalistas no Rio São Francisco”), considerado pelo organizador do livro como o mais poético, Lorelai Brilhante Kury, especialista da Fundação Oswaldo Cruz e da Uerj, faz um resgate histórico e cultural das transformações ambientais.

As agressões ao Velho Chico são históricas. O rio serviu com via de ocupação da região. Ricos e pobres usam os recursos naturais como se fossem infinitos. Entre Petrolina e Juazeiro, casas que valem cerca de R$ 500 mil contam com equipamentos sofisticados, segurança de primeiro padrão e móveis caríssimos, mas a estrutura sanitária é arcaica, contamina o lençol freático e o rio. Lanchas e motos náuticas geram ruído e afugentam peixes. Quase não se vê reaproveitamento de água ou o uso de fontes energéticas renováveis.

— A principal contribuição do livro é chamar a atenção para a Caatinga. É o único bioma exclusivo do Brasil, porém o menos conhecido. Seu personagem mais famoso é o Rio São Francisco, que serviu de mote para o estudo de conservação da Caatinga — frisa Felipe Melo, professor de ecologia da Universidade Federal de Pernambuco e um dos pesquisadores envolvidos na coleta de informações que constam do livro.
Mais do que apontar problemas, os pesquisadores defendem a adoção de práticas sustentáveis. No final de cada capítulo, eles apresentam medidas que poderiam mitigar impactos social, ambiental e também econômico. Além disso, há preocupação com a difusão das informações geradas. O Jardim Botânico do Rio de Janeiro, por exemplo, também recebe parte do material coletado pelos cientistas. A instituição carioca poderá montar uma estufa dedicada às plantas da Caatinga.

— É um desafio para a sociedade garantir desenvolvimento econômico com sustentabilidade. Vamos fazer outra Sobradinho? Não. As cidades que ficaram debaixo d’água por causa dos represamentos do Rio São Francisco perderam histórias, vidas, sítios arqueológicos inteiros — argumenta José Alves Siqueira. — Em síntese, posso dizer que o caminho a ser seguido para viabilidade do São Francisco como modelo de desenvolvimento para outras regiões é a base científica sólida. Investir em recursos humanos, aporte de recursos financeiros para ciência, tecnologia e educação básica.

Os diagnósticos apresentados no livro, porém, têm prazo de validade. Os autores afirmam que são necessárias intervenções imediatas pra tentar mudar em escala regional o cenário de degradação. Além disso, sobram críticas em relação às discussões que envolvem o novo código florestal. O organizador do livro sustenta que já há conhecimento científico sólido em relação à necessidade mínima de 30 metros de vegetação nas margens dos rios para a proteção da qualidade da água, estabilização de encostas e prevenção a enchentes.

Dinheiro não falta. Pelo contrário. Só as obras de transposição de águas, originariamente orçadas em R$ 4,5 bilhões, deverão consumir cerca de R$ 10 bilhões. São recursos federais que prometem melhorar a qualidade de vida na região. Não é o primeiro grande investimento público da Caatinga. Porém, analisando a história, pesquisadores não encontraram relação direta entre o gasto e o bem-estar para a população.

Para quebrar a ideia de que o setor público não consegue fazer trabalhos de qualidade, os pesquisadores se esforçam para multiplicar o legado dos programas ambientais, previstos nos investimentos que mudarão o curso de parte das águas do Rio São Francisco.

Desde 2008, quando o dinheiro começou a ser repassado para a universidade, foram criados o Centro de Referência da Caatinga e novos laboratórios. A equipe conta com dez picapes com tração nas quatro rodas para percorrer a região durante o monitoramento da vegetação.

O trabalho de formação de alunos se volta para o bioma local. Por exemplo, havia uma dificuldade em achar veterinários que conhecessem os animais do bioma, como o veado catingueiro. Até então, grande parte dos alunos da universidade só entendia de cachorro e de gato.

— A obra (de transposição da água do Rio São Francisco) acaba nos proporcionando os meios para uma formação mais qualificada dentro da universidade. A demanda é grande, falta gente especializada para trabalhar para nossa equipe. Contratamos pessoas do Brasil inteiro — diz Siqueira. — A chave é procurar entender as especificidades do bioma Caatinga, que, muitas vezes, chega a passar dez meses na seca. Precisamos entender as adaptações da fauna e flora, assim como a cultura.

O GLOBO