Em um mundo cada vez mais digital, é comum vermos
crianças e adolescentes imersos em telas seja no celular, no tablet, no
computador ou na TV. Embora a tecnologia traga inúmeros benefícios, o uso
excessivo e desregulado desses dispositivos pode representar sérios riscos para
o desenvolvimento físico, emocional e cognitivo dos jovens.
O que dizem os especialistas?
De acordo com a Sociedade Brasileira de
Pediatria (SBP), o tempo de tela deve ser rigorosamente controlado:
crianças menores de 2 anos não devem ter nenhum contato com telas, enquanto
aquelas entre 2 e 5 anos devem ter, no máximo, uma hora por dia sempre com
supervisão e conteúdo educativo. Para crianças entre 6 e 10 anos, o limite
sugerido é de até duas horas por dia, com pausas regulares e supervisão.
O problema é que, na prática, os limites muitas
vezes são ignorados. Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
apontou que, durante a pandemia, adolescentes passaram mais de 6 horas por
dia em frente a telas fora do horário escolar. Isso se agravou com o ensino
remoto, mas continua sendo uma realidade preocupante.
Quais são os riscos do uso
excessivo?
1. Problemas no sono: A luz azul emitida por telas interfere
na produção de melatonina, o hormônio responsável pelo sono. Isso pode levar à
insônia, cansaço diurno e alterações no humor. Um estudo publicado no Journal
of Clinical Sleep Medicine (2020) demonstrou que adolescentes que usam
telas antes de dormir têm maior dificuldade para adormecer e menos qualidade
de sono.
2. Atrasos no desenvolvimento: Para crianças pequenas, o tempo
em frente às telas pode atrasar o desenvolvimento da linguagem, da coordenação
motora e da interação social. Segundo a American Academy of Pediatrics (AAP),
o uso excessivo de telas pode prejudicar as conexões neuronais fundamentais que
ocorrem nos primeiros anos de vida.
3. Impactos na saúde mental: O uso exagerado de redes sociais
e jogos eletrônicos está associado ao aumento de casos de ansiedade, depressão
e baixa autoestima. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já reconhece a
dependência de jogos digitais como um transtorno psicológico.
4. Sedentarismo e obesidade: Mais tempo diante das telas
significa menos tempo para atividades físicas. Crianças sedentárias têm maior
risco de desenvolver obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares.
5. Redução do rendimento escolar: O uso não supervisionado de
dispositivos pode prejudicar a concentração e a aprendizagem, especialmente
quando os jovens trocam momentos de estudo por conteúdos irrelevantes ou
dispersivos.
Como equilibrar o uso de telas?
A chave está no uso consciente e equilibrado.
Aqui vão algumas dicas práticas para pais e responsáveis:
- Estabeleça
limites de tempo diário para uso de dispositivos.
- Dê o
exemplo: pais que usam menos o celular tendem a ter filhos que
também se regulam melhor.
- Priorize
conteúdos educativos e apropriados à idade.
- Crie
momentos de "desconexão", como durante as refeições e antes de
dormir.
- Incentive
atividades offline, como leitura, esportes, jogos de tabuleiro e
brincadeiras ao ar livre.
Considerações finais
O uso das telas não precisa ser demonizado afinal, a tecnologia é parte do nosso cotidiano e também oferece oportunidades
de aprendizado e lazer. No entanto, é fundamental que o tempo e o conteúdo
consumido sejam regulados com responsabilidade, principalmente na
infância e adolescência, fases cruciais para o desenvolvimento.
O papel da família e da escola é fundamental para
orientar e proteger as novas gerações de um uso digital que, quando
descontrolado, pode ser mais prejudicial do que imaginamos.