domingo, 3 de fevereiro de 2013

Contra a seca, simplicidade


Um velho problema do Nordeste e semiárido brasileiros pode ser enfrentado com práticas simples e já conhecidas por produtores e comunidade local. O prefeito de Poção (PE), Padre Cazuza, relatou, na tarde desta terça-feira (29), ao secretário de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Paulo Guilherme Cabral, e ao diretor de Combate à Desertificação, Francisco Campelo, durante o Encontro Nacional com Prefeitos e Prefeitas, em Brasília, as práticas adotadas na sua região que podem auxiliar no convívio com a desertificação e a seca.

“Há alguns anos encontramos os dois últimos pés de jequitibá no nosso município e, para não deixar a espécie se extinguir e contribuir com o reflorestamento local, começamos a juntar as poucas sementes que encontrávamos, de forma que conseguimos montar, ao longo dos anos, um grande banco de sementes que não permite mais a extinção da planta”, conta Padre Cazuza. Essa prática de manutenção da vegetação e reflorestamento faz parte das estratégicas de combate à desertificação, com a redução do número de áreas secas e degradadas.

Pecuária

O gestor de Poção também relatou outra atividade que já está sob alerta no município. “Muitos produtores de áreas do semiárido acham que, para criar gado, é necessário retirar toda a caatinga e plantar pasto, mas se esquecem que o pasto não sobrevive sem água devido às suas características regionais, e a caatinga sobrevive sim, por ser uma vegetação típica daquela área”, disse. Segundo ele, muitos produtores aprendem na prática que é melhor deixar a caatinga para criação de gado, o que gera uma maior produção, sem perda do número do rebanho bovino. “Nada melhor como a experiência e o relato de casos de sucesso para os agricultores aprenderem o que é melhor”, acrescenta.

Além do prefeito do município pernambucano, inúmeros gestores da Região Nordeste do Brasil, inseridos em áreas de desertificação, procuraram orientação na sala de atendimento do Ministério do Meio Ambiente. O diretor do Departamento de Combate à Desertificação, Francisco Campello, explicou algumas ações desenvolvidas pelo MMA em parceria com órgãos como Instituto Nacional do Semiárido (Insa) e Rede de Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), que buscam auxiliar essas comunidades à conviver melhor com a seca.

“Estamos elaborando o Plano Nacional de Convivência com o Semiárido, com o objetivo de promover ações de segurança energética, hídrica e alimentar nas regiões que sofrem com a desertificação”, explica Campello. Projetos com o Fundo Clima, além de parcerias com o Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), Fundo Socioambiental da Caixa Econômica Federal e Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), já vêm sendo implantados com recursos da ordem de mais de R$ 20 milhões como iniciativas para a execução do plano.

Ele finaliza explicando que, no Brasil, o processo de desertificação é consequência do uso inadequado dos recursos florestais da Caatinga e Cerrado. Práticas agropecuárias sem manejo correto dos solos, uso inadequado dos sistemas de irrigação com a consequente salinização, superpastejo animal na pecuária extensiva comprometendo a regeneração de espécies e as ações de desmatamento provocam processos erosivos e esgotamento dos solos.

MMA

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