sábado, 19 de abril de 2014

Tecnologias verdes modificam paisagem no semiárido da Paraíba


Os investimentos feitos pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) têm dois fortes aliados da agricultura familiar na Paraíba: a tecnologia social e as pesquisas para evitar pragas. De barragens subterrâneas até as formas de plantio, elas têm contribuído positivamente para quem opta pelos produtos com selo verde, livre de agrotóxicos, na região do Semiárido paraibano.

Entre as pesquisas mais recentes geradas a partir de convênios com o banco, algumas resultaram na palma mais resistente à cochonilha do carmim, uma espécie de inseto comum em plantações. Outro ganho para os agricultores foi o resultado da pesquisa da banana resistente à sigatoka negra, que é uma doença causada por um fungo e que atinge as plantações. O abacaxi resistente ao fungo fusariose foi outro resultado conquistado por essas pesquisas.

Paralelo a esses resultados, balizados por pesquisas científicas, os agricultores se valem de conhecimentos adquiridos também na prática sobre a produção agrícola. Edinaldo José do Nascimento, agricultor familiar de Sousa, no sertão da Paraíba, reforça que o resultado da produção está relacionado com a forma e condições do plantio. “Ter uma boa colheita depende de manter o solo vivo. A plantação é bem equilibrada com a planta saudável se o agricultor cuida do solo e das condições dele”, contou.

A rotação da plantação é uma das apostas de Edinaldo José do Nascimento. A experiência, segundo ele, o fez perceber que manter em um determinado trecho a mesma cultura danifica o solo. “Planto em determinado local e daqui a um tempo inverto. Isso evita a incidência de doenças e também de pragas, além de não enfraquecer o solo”, disse.

Para manter o solo vivo, o agricultor utiliza recursos naturais da propriedade para fortalecer as áreas de plantação. “Uso muito a compostagem à base de esterco, restos de plantas que recolho após o fim de cada ciclo da rotatividade das culturas contribui muito para um solo vivo. Irrigar é barato. O caro mesmo é plantar”, frisou.

Produção abastece supermercados

Atualmente, oito grandes supermercados de Sousa, além das cidades de João Pessoa e Campina Grande, na Paraíba, e Recife, em Pernambuco, são abastecidas pela produção agrícola da equipe de Edinaldo, que integra o Perímetro Irrigado Várzeas de Sousa.

Em pouco mais de uma década, ele conseguiu alavancar a produção que era de 200kg de produtos em 2001 para cinco toneladas no a no passado. “Hoje, eu tenho tudo planejado. Sei o que está sendo vendido e a quantidade de podemos produzir e vender”, afirmou o agricultor familiar vencedor do prêmio 'Agricultura Familiar' do Banco do Nordeste do Brasil 2012.

Embora produzisse sem agrotóxicos desde 2000, Edinaldo José do Nascimento ressaltou que só em 2010 conseguiu o reconhecimento do IBD Certificações – Inspeções e Certificações Agropecuárias, o que torna os produtos que ele destinada ao mercado diferenciados. “ A certificação é importante porque quem adquire meus produtos sabe que não tem agrotóxicos. Não uso de jeito nenhum”, afirmou.

Edinaldo José do Nascimento conseguiu em pouco mais de uma década consolidar a concepção de agricultura familiar em casa e fora dela. Os três filhos que o ajudavam no plantio e todo processo, hoje auxiliam tecnicamente. Um deles se formou como técnico agrícola, o segundo segue a mesma formação do irmão e o terceiro trabalha no acompanhamento das finanças da família.

A atividade que era executada em 2001 por ele, a esposa e os três filhos, hoje é desenvolvida pelo casal com a ajuda de até dez funcionários quando há a maior produção e saída dos alimentos, que é de junho a janeiro.

O resultado desse trabalho familiar aparece em números também fora de casa. No ano passado foram vendidos 104 mil bandejas com os produtos. Para dar suporte a esse trabalho, Edinaldo criou um espaço chamado de 'casa da embalagem', onde os alimentos são limpos, separados e embalados para comercialização. Para o futuro, o sonho do agricultor que semeia a defesa ao meio ambiente com produtos agroecológicos é ter condições de ampliar a área de produção de cinco hectares para 20 hectares.

G1 PB



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