segunda-feira, 8 de julho de 2013

Agricultura urbana agroecológica auxilia promoção da saúde e da produção alimentar de qualidade


Projeto Colhendo Sustentabilidade incentivou práticas saudáveis em Embu das Artes
 
A agricultura urbana agroecológica, que une saberes científicos e tradicionais, é uma alternativa interessante para promover a saúde e a produção alimentar de qualidade em meio urbano. Voltado a esses princípios, em Embu das Artes (SP), o Projeto Colhendo Sustentabilidade: Práticas Comunitárias de Segurança Alimentar e Agricultura Urbana, realizado entre 2008 e 2011, conseguiu de maneira efetiva incentivar práticas saudáveis no município, envolvendo diversos setores da administração local e da sociedade civil.

A experiência foi investigada e sistematizada pela administradora Silvana Maria Ribeiro em pesquisa desenvolvida na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP. “A agricultura urbana agroecológica contribuiu realmente para a promoção da saúde e para a segurança alimentar e nutricional entre a comunidade”, afirma.

Colhendo Sustentabilidade

“A agroecologia faz com que se resgatem as práticas tradicionais na agricultura e promova a autonomia do agricultor” explica Silvana. Além disso, a policultura é incentivada buscando uma aproximação com a diversidade presente na natureza. Baseado neste conceito, o Projeto Colhendo Sustentabilidade foi implantado no município de Embu das Artes em 2008 por meio de uma parceria entre a prefeitura, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e a ONG Sociedade Ecológica Amigos de Embu, com o intuito de atingir beneficiários de outros programas assistenciais. “Uma das prioridades era a segurança alimentar e nutricional. Mas depois de um primeiro momento, houve a comercialização de alguns produtos cultivados no projeto promovendo também a geração de renda”, relata a administradora.

Inicialmente desenvolveram-se atividades educativas e implantado três sistemas produtivos – lavouras, agrofloresta e hortas – em duas localidades. A partir de 2010, já sem o financiamento do MDS, o projeto foi expandido para outros locais. “O Colhendo Sustentabilidade foi levado para equipamentos públicos, como Unidades Básicas de Saúde (UBS), com o intuito de sensibilizar e mobilizar beneficiários de outros programas sociais” conta Silvana. Ao final do projeto foram implantadas 13 hortas comunitárias, sendo 9 em UBSs do município, destinadas ao uso terapêutico.

Práticas saudáveis

Participantes relataram melhoras de saúde e maior cuidado nutricional
 
Além da promoção da maior segurança alimentar, Silvana comenta que muitos beneficiários relatavam melhoras de saúde e maior cuidado nutricional, ligados ao desenvolvimento de habilidades proporcionado pelo projeto. “A participação social da comunidade também deu função a terrenos abandonados”, lembra a administradora. Com a implantação das hortas e lavouras, foram criados espaços saudáveis, produtivos e propícios para o convívio e participação social. “Havia uma grande busca pela sustentabilidade.”

A característica sustentável do projeto, ela explica, pode ser observada tanto nos esforços para sua continuidade e fortalecimento, quanto no aspecto econômico, de autonomia dos grupos envolvidos, além da própria questão ambiental, com otimização dos recursos naturais. Além disso, a intersetorialidade, isto é, envolvimento de diversos profissionais, foi algo marcante. “Percebemos que a intersetorialidade se deu na base da pirâmide do poder público municipal”, relata. “É uma ação que envolve responsabilidades e tarefas de várias áreas”, completa.

“O Colhendo Sustentabilidade contribuiu para o desenvolvimento de políticas públicas saudáveis no município”, avalia a pesquisadora. Um exemplo disso foi a inserção das atividades de agricultura urbana agroecológica em UBS pelo programa de Promoção da Saúde da Secretaria Municipal de Saúde. Também destaca-se a colaboração da equipe técnica do projeto na elaboração da política pública de agropecuária do novo plano diretor de Embu (Lei Complementar n° 186, 20 de abril de 2012), bem como o Programa Municipal de Agricultura Sustentável (PROMAS), também de 2012, fruto do trabalho do projeto.

As conclusões da pesquisa foram obtidas a partir de quatro oficinas de sistematização realizadas com pessoas com pelo menos seis meses de participação no projeto, técnicos de serviços públicos e do Colhendo Sustentabilidade, além de análise documental e entrevista com informante-chave. Entre os objetivos das oficinas estavam resgatar a memória do projeto, além de fazer o levantamento de informações a respeito de seu impacto na vida dos envolvidos. A dissertação de mestrado de Silvana, orientada pela professora Helena Akemi Wada Watanabe, foi apresentada em abril de 2013.

Agência USP

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