domingo, 14 de julho de 2013

Matar suspeitos se tornou rotina para policiais do Brasil, diz jornal dos EUA


Artigo do jornal americano "The Wall Street Journal", publicado neste sábado (13), informou que a morte de suspeitos de crimes por policiais brasileiros já se tornou 'rotina'. Como exemplo, o texto do jornalista John Lyons cita o caso do servente Paulo Nascimento que foi pego em sua casa, na Zona de Sul de São Paulo, e levado para um carro da polícia. Ele foi s assassinado com três tiros. O caso aconteceu em novembro do ano passado.

"O suposto ladrão de carros implorou por sua vida com gritos de "Pelo amor de Deus". Um policial deu um tapa no rosto. Outro chutou. Um terceiro atirou nele", relata o artigo. O jornal ainda divulgou o vídeo da ação que foi exibido no 'Fantástico'. Um vizinho filmou a abordagem e os policiais foram presos após a divulgação das cenas. Cinco policiais foram acusados de homicídio e esperal o julgamento. Eles alegaram inocência.

De acordo com o texto, a polícia do estado de São Paulo matou um suspeito para cada 229 presos no ano passado, segundo dados do governo. Nos Estados Unidos, o índice foi de um morto a cada 31.575 presos em 2011.

O problema é reconhecido por funcionários do governo, incluindo o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ressalta o artigo, citando as mudanças que aconteceram na Secretaria de Segurança Pública após o caso.

Em entrevista, o secretário Fernando Grella Vieira, disse que a cidade tem uma "categoria de criminalidade" que sempre levará a alguns tiroteios policiais justificados. Mas, acrescentou, "que não vai tolerar abusos por parte da polícia."

Os grupos de extermínio também são citados no texto, com menção da ação em que quatro policiais militares foram condenados a 18 anos de prisão, em 2010, por participarem de uma equipe que, supostamente, decapitava algumas de suas vítimas. No caso de Nascimento, investigadores dizem que policiais da mesma delegacia do militares detidos tentaram influenciar o caso. Eles vestiram máscaras de esqui e foram até um bar, a cerca de 50 metros do local onde a vítima foi baleada. O resultado foi sete pessoas morrem e duas ficaram feridas.

A polícia de São Paulo, de acordo com o artigo, está entre as menos letais do país. Como exemplo está a polícia do Rio de Janeiro que, mesmo com os experimentos com o policiamento comunitário, mata quase quatro vezes mais suspeitos do que a polícia paulista.

Opinião pública

O texto ressalta que uma parte da população apoia assassinatos cometidos pela polícia e cita pesquisa do Datafolha, feita um mês após a morte de Nascimento, que mostrou que 53% dos paulistanos acreditam que um policial que mata criminosos como parte de um grupo de extermínio não devem ser punido caso seja pego.

Quando o vídeo da ação contra Nascimento foi divulgado, o artigo afirma que a maioria dos comentários foi de apoio à polícia: "Parabéns para a (Polícia Militar) enquanto o Estado não faz nada, você faz a limpeza que a cidade precisa, mas nunca se esqueça: Apenas matar bandidos ok?"

O jornalista ainda reitera que a maioria dos casos acontecem em áreas urbanas pobres de São Paulo. Segundo ele, nesses locais, "a aceitação da violência policial é um lembrete severo que o preconceito de classe e a desigualdade persistem no Brasil, apesar dos ganhos econômicos recentes."

Estudo

Para entender por que a polícia mata, Adilson Paes, um veterano policial de 30 anos, fez entrevistas anônimas para sua tese de mestrado com a policiais que mataram. A conclusão foi que muitos oficiais deixam a formação despreparados par ao nível de violência que vão enfrentar. Segundo o texto, alguns adotam a mentalidade de guerra, em que matar significa sobrevivência. Outros sucumbem à pressão e matam para manter o status e alguns acreditam que matar da sensação de poder.

G1

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