quinta-feira, 22 de março de 2012

Rios brasileiros não têm boa qualidade de água, diz pesquisa da SOS Mata Atlântica


Rios de 11 Estados brasileiros foram analisados pela equipe da Fundação SOS Mata Atlântica e nenhum obteve resultado satisfatório na qualidade da água. Forma realizadas 49 avaliações no Ceará, Piauí, Bahia, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.
Nenhum dos pontos de coleta conseguiu a soma necessária para alcançar os níveis “bom” ou “ótimo” --75,5% foram classificados como “regular” e 24,5% no nível “ruim”.
Os melhores resultados foram: Rio Santa Maria da Vitória, em Vitória (ES); Rio Paraíba do Sul, em Resende (RJ); Bica da Marina, em Angra dos Reis (RJ); Arroio Jupira, em Foz do Iguaçu (PR); e do Rio Camboriú, na cidade de Balneário Camboriú (SC), todas com 33 pontos.
Os resultados mais baixos ficaram para os rios Criciúma, na cidade de Criciúma (SC), com 23 pontos, e o Itapicuru Mirim, em Jacobina (BA), com 24 pontos.
“Desde maio de 2009 o projeto tem realizado análises como estas e ainda não chegamos a um rio classificado ao menos como bom. Se compararmos os resultados atuais com os anteriores, verificamos que não há grandes mudanças, o que mostra a necessidade de ações que contribuam para a conservação e a melhoria da qualidade de nossas águas”, disse Malu Ribeiro, coordenadora do Programa Rede das Águas, da SOS Mata Atlântica.

Análises

A cada semana, o projeto “A Mata Atlântica é aqui – exposição itinerante do cidadão atuante” visita uma cidade diferente e promove atrações gratuitas com a população local. Entre as atividades está a seleção de um ou mais corpos d’água locais para serem analisados. Essas avaliações têm o objetivo de checar a qualidade dos rios, córregos, lagos e outros corpos d’água das cidades e, desta forma, alertar a população sobre a real situação do local onde vive. Para realizar a análise, a equipe conta com um kit de monitoramento desenvolvido pelo Programa Rede das Águas da própria ONG.
O kit classifica a qualidade das águas em cinco níveis de pontuação: péssimo (de 14 a 20 pontos), ruim (de 21 a 26 pontos), regular (de 27 a 35 pontos), bom (de 36 a 40 pontos) e ótimo (acima de 40 pontos). Os níveis de pontuação são compostos pelo Índice de Qualidade da Água (IQA), padrão definido no Brasil por resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), obtido pela soma da pontuação de 14 parâmetros físico-químicos, biológicos e de percepção, avaliados com auxílio do kit.
Em cada análise são avaliados a temperatura, turbidez, espumas, lixo, odor, peixes, larvas e vermes brancos ou vermelhos, coliformes totais, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio, potencial hidrogeniônico, níveis de nitrato e de fosfato. Cada um destes parâmetros pode acrescentar de um a três pontos, obtendo o mínimo de 14 e máximo de 42 pontos.

Principais alterações de resultados
 
O ano de 2011 marcou o início do terceiro ciclo anual do projeto itinerante da SOS Mata Atlântica. Neste ciclo, a exposição revisitou algumas cidades e realizou uma nova coleta de água em rios já avaliados pela equipe. Alguns destes resultados tiveram grandes alterações, como é o caso do Córrego Bom Retiro, em Londrina (PR); do Rio Tietê, em Itu (SP); e do Rio Santa Maria da Vitória, Vitória (ES), que ganharam sete pontos em suas análises e passaram da classificação “ruim” para a “regular”.
Outras avaliações com grandes alterações foram as dos rios Criciúma, em Criciúma (SC), que perdeu cinco pontos, e Paquequer, em Teresópolis (RJ), com quatro pontos a menos. Ambos caíram da classificação “regular” para “ruim”.
A iniciativa tem o patrocínio de Bradesco Cartões, Natura e Volkswagen Caminhões & Ônibus.
“A água é essencial para a vida. Não podemos tratá-la como se fosse uma lata de lixo onde jogamos nossos esgotos e o que simplesmente não queremos mais. O cuidado com os recursos hídricos deve ser feito por todos”, destaca Malu.
Uma grande preocupação é com relação à proposta de alterar o Código Florestal, que está atualmente na Câmara. O texto coloca em risco esses importantes ambientes ao propor a consolidação de ocupações irregulares em manguezais ocorridas até 2008, consolidar ocupações urbanas nessas áreas e permitir novas ocupações, sendo 35% em manguezais do Bioma Mata Atlântica e 10% na Amazônia.

UOL

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